Investidor de US$ 50 bilhões diz que Trump vai evitar inflação

O Impax Asset Management Group, que administra cerca de US$ 50 bilhões de sua sede em Londres, está apostando que Trump provavelmente fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar um aumento na inflação, depois que os preços ao consumidor provaram ser cruciais para sua vitória na eleição de 5 de novembro.

É uma visão que traz implicações profundas para as alocações de sua carteira.

“Nossa visão no momento é de que a inflação mais alta não é uma garantia, pois as consequências da inflação para os principais eleitores de Trump seriam suficientemente desagradáveis, de forma que ele certamente irá refletir cuidadosamente sobre suas escolhas políticas,” disse Ian Simm, CEO do Impax, em entrevista.

Simm afirma que, para um investidor preocupado com a transição para uma economia de baixo carbono, é “quase mais importante” focar na perspectiva para a inflação, e como isso afetará os rendimentos de títulos de longo prazo, do que “se preocupar” com as ameaças de Trump de reverter políticas verdes da era Biden.

“Estamos mantendo ações e esperando que as empresas de médio porte se beneficiem da reversão média que já deveria ter ocorrido há muito tempo após a alta das ações das empresas de tecnologia de mega-capitalização”, disse Simm.

Trump prometeu cortar impostos e impor tarifas, como parte de um pacote de políticas que economistas, de Larry Summers a Joseph Stiglitz, alertaram que seria inflacionário. Uma inflação mais alta implica taxas de juros mais altas por mais tempo, representando uma ameaça particular para o setor verde intensivo em capital.

O Impax não é o único grande investidor com foco verde a especular que a retórica do presidente eleito pode não ser acompanhada de mudanças políticas equivalentes. O Parnassus Investments, maior investidor sustentável dos EUA, diz que sua “estratégia de longo prazo permanece inalterada,” apesar do novo cenário político no país.

“Os impactos potenciais para os setores do mercado dependerão de como a retórica de campanha se traduz em implementação de políticas,” escreveu Todd Ahlsten em uma postagem online recente. “Por exemplo, as tarifas propostas podem afetar os preços ao consumidor e o desempenho do varejo, enquanto mudanças nas políticas de saúde podem influenciar as negociações de preços de medicamentos. Nossa equipe de investimentos está monitorando de perto esses desenvolvimentos para avaliar suas implicações às alocações atuais e futuras.”

Trump disse que aplicará tarifas abrangentes sobre importações de países que comercializam com os EUA. Ele já anunciou 25% sobre produtos do Canadá e México e uma nova taxa de 10% sobre a China, vinculada à segurança de fronteiras e ao tráfico de drogas. Durante a campanha eleitoral, ele sugeriu tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, inclusive da Europa, e tarifas de 60% sobre a China. Trump afirma que as tarifas podem alcançar uma série de objetivos políticos, desde uma retaliação contra supostas práticas comerciais desleais até objetivos de segurança nacional.

Se promulgadas, as políticas seriam um golpe ao desenvolvimento de projetos de tecnologia limpa nos EUA, adicionando bilhões de dólares em custos a tudo, desde baterias até o aço usado para construir fazendas solares, de acordo com uma análise do MIT Technology Review. Juntamente com a promessa de Trump de reduzir incentivos verdes, como créditos fiscais, as ações de energia limpa já registraram forte queda. O índice Global de Energia Limpa do S&P caiu ainda mais desde a eleição de 5 de novembro e agora opera perto de uma mínima de quatro anos e meio. O índice europeu de Energia Renovável está perto de uma mínima de seis anos.